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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

documentário "sobre arte eletrônica"

Este documentário tem o intuito de contribuir com as discussões acerca do tema "arte eletrônica", atualmente em vigor no mercado brasileiro e mundial.
Para tanto, contamos com a colaboração dos artistas, pesquisadores e produtores do tema proposto:

Karla Brunet - Artista e Pesquisadora, Doutora em Comunicação Audiovisual (UPF, Espanha – bolsa Capes), e especialista em Crítica da Arte Eletrônica (Mecad, Espanha). Atualmente professora do IHAC-UFBA.

Messias Bandeira - Músico e Pesquisador, Doutor em Comunicação e Cultura contemporânea pela Universidade Federal da Bahia. Atualmente, professor e Coordenador Acadêmico do IHAC-UFBA.

Guizado - Músico trompetista.

Renata Hasselman - Produtora da Multi Planejamento Cultural.

Parte 01 -


Parte 02 -

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

memorial de "sobre arte eletrônica"


Resumo

Com o intuito de pesquisar e explorar a ciberarte, o grupo optou por realizar um documentário intitulado “Sobre arte eletrônica”, que pretende traçar um panorama sobre o tema a partir de relatos de teóricos, produtores e artistas. O documentário reúne, além dos depoimentos, imagens do Zona Mundi, circuito eletrônico de som e imagem, que ocorreu em Salvador nos meses de agosto a dezembro. Procuramos explorar a arte eletrônica em sua teoria, prática e inserção no mercado consumidor.

Palavras-chave: arte eletrônica, documentário, Zona Mundi.

Introdução: Arte eletrônica

Apropriando-se das novas tecnologias, a ciber-arte vem construir uma nova lógica no processo artístico. Abusando da interatividade, da criação coletiva e dos meios virtuais, inaugura experimentações cujo interesse está na nova forma de se comunicar, mais do que no seu produto final.

A ciber-arte, ou arte eletrônica, tem como característica principal o uso da informática e dos novos meios de comunicação para criar novas possibilidades estéticas. Vai se constituir numa nova forma simbólica, que procura explorar a numerização, a spectralidade, o ciberespaço, a instantaneidade e a interatividade, quebrando a fronteira entre produtor, consumidor e editor.

A video-arte, a tecno-body-art, o multimídia, a robótica e esculturas virtuais, a arte holográfica e informática, a realidade virtual e, obviamente, a dança, o teatro e a música tecno-eletrônica, são as expressões mais importantes. A ciber-arte é uma arte interativa, dentro do paradigma digital da civilização do virtual, e traz como grande novidade o seu suporte. Por isso, o desafio deste novo artista é conseguir romper com as formas e suportes pré-estabelecidos e conseguir configurar um novo fazer artístico a partir das tecnologias.

“Embora a arte, em todos os tempos, seja portadora de valores presumivelmente universais, tão universais quanto difíceis de discernir, a arte tem aspecto material que não pode ser desprezado para ser produzida, ela depende de suportes, dispositivos e recursos. Ora, esses meios, através dos quais a arte é produzida, exposta, distribuída e difundida, são históricos.” [pág. 248] “[...] um dos desafios do artista é dar corpo novo para manter acesa a chama dos meios das linguagens que lhe foram legados pelo passado [...] o outro desafio do artista que é o de enfrentar a resistência ainda bruta dos materiais e meios do seu próprio tempo, para encontrar a linguagem que lhes é própria, reinaugurando as linguagens da arte.” [pág. 249] (LEÃO, 2003).

Não se pode negar que, com a ascensão e o acesso cada vez mais facilitado às novas tecnologias, a ciber-arte tem ganhado seu lugar de destaque. O mundo ao qual esse "ciber-artista" se refere, não é mais o mundo real dos fenômenos, mas o mundo virtual dos simulacros.

Segundo Lemos (2004), “a arte eletrônica vai se constituir numa nova "forma simbólica", através da qual, os artistas utilizam as novas tecnologias numa postura ao mesmo tempo crítica e lúdica, com o intuito de multiplicar suas possibilidades estéticas. Essa nova forma simbólica vai explorar a numerização (trabalhando indiferentemente texto, sons, imagens fixas e em movimento), a spectralidade (a imagem é auto-referente, não dependendo de um objeto real e sim de um modelo), o ciberespaço (o espaço eletrônico), a instantaneidade (o tempo real), e a interatividade, quebrando a fronteira entre produtor, consumidor e editor”.

A arte eletrônica é fruto também do processo de desconstrução dos meta-discursos que legitimaram a modernidade. Ela se encaixa bem nessa desconstrução, virtualização e desmaterialização do mundo pela qual estamos passando (em plena pré-história) com o desenvolvimento do ciberespaço e da realidade virtual, sem falar na fusão, cuja figura extrema é o cyborg, do corpo biológico com nanotecnologias inteligentes e com implantes dos mais diversos. A ciber-arte tenta transitar por essa cultura do híbrido: do espaço físico e do ciberespaço, do tempo individual e do tempo real, do orgânico e do inorgânico. (LEMOS, 2004)

A música eletrônica, característica principal do evento que marca o presente documentário (Zona Mundi), é um exemplo forte da ciber-arte. Hoje, ultilizada com “a música tecno e o movimento dos “zippies” e "ravers", que eclodiram na Inglaterra, na década de 80, e atingem agora o mundo” (LEMOS, 2004). Como exemplo deste movimento está presente em “Sobre arte eletrônica”, o músico Guizado, que mistura trompete clássico com o “beat” eletrônico.

Esse movimento mostra, talvez, um dos exemplos mais interessantes da cibercultura, unindo de forma hedonista, socialidade e tecnologia. Essa "tecnosocialidade" ocorre da fusão de uma música futurista, minimalista e rítmica ("tecno") com os impulsos tribais contemporâneos (LEMOS, 2004).

O projeto

Com o intuito de realizar um panorama sobre o cenário da arte eletrônica, sobretudo na cidade de Salvador, através de um registro cinematográfico documental, o grupo optou por captar depoimentos não apenas de artistas, produtores e idealizadores de projetos em tal área, como também de estudiosos e teóricos sobre o assunto.

Sendo assim, em um primeiro momento, foram realizados contatos com Vince de Mira o realizador do projeto “Zona Mundi – Circuito Eletrônico de Som e Imagem”, o qual ocorre mensalmente no Museu de Arte Moderna de Salvador (MAM) e traz a cada edição, convidados atuantes do circuito eletrônico do Brasil para ministrar oficinas e executar apresentações artísticas ao vivo ao público participante.

Vince de Mira autorizou a captação de imagens da edição do Zona Mundi de novembro, ocorrido do dia 12 do mesmo mês. Além disso, foi realizada uma entrevista com um dos convidados: o trompetista Guilherme Menezes, paulista conhecido como Guizado, que discorreu, dentre outros tópicos, sobre as influências dos diferentes estilos musicais sobre o seu trabalho e as dificuldades enfrentadas pelos artistas da área eletrônica sobretudo no que diz respeito a aquisição de equipamentos e instrumentos adequados no Brasil.

Nesta mesma data e local, entrevistamos também, a produtora Renata Hasselman, integrante da “Multi – Planejamento Cultural”, responsável pela co-produção do projeto Zona Mundi. Renata falou sobre a importância da arte eletrônica para a contemporaneidade, do crescimento deste setor nos últimos anos, assim como do seu público consumidor.

A partir deste ponto, as pesquisas sobre atuantes na área de arte eletrônica foram intensificadas. Entramos em contato com o artista Daniel Lisboa, o qual se encontrava na época em Madrid, e estava disposto a nos dar uma entrevista sobre o tema quando retornasse a Salvador – infelizmente não obtivemos mais retorno do mesmo. Fato semelhante que também se deu, posteriormente com Diego Brotas (orientando do professor André Lemos, pesquisador em música em mídias móveis) que estava retornando para Vitória, e com Ivani Santana, pesquisadora em dança e cibercultura.

Com a orientação do professor André Lemos, entramos em contato com Karla Brunet, especialista em crítica em arte eletrônica, com experiência na área de Artes e Comunicação, com ênfase em cibercultura, arte digital, arte e tecnologia e fotografia; e Messias Bandeira, doutor em cultura contemporânea e pesquisador em cibercultura.

No dia 02 de dezembro, o grupo compareceu a mais uma edição do Zona Mundi: desta vez, na oficina ministrada pelo Coletivo Laborg, convidado do mês pelo projeto. Foram captados depoimentos do público participante da oficina e imagens da mesma.

Na mesma data, ocorreu também a entrevista cedida pela estudiosa Karla Brunet, contribuindo para a visão acadêmica do documentário em construção.

No dia 03 de dezembro, captamos imagens da apresentação das apresentações dos convidados do Zona Mundi, através do celular, com o intuito de demonstrar inclusive a influência de tal mecanismo na área estudada.

A última entrevista realizada se deu no dia 06 de dezembro, com Messias Bandeira, a qual, juntamente com o depoimento de Karla Brunet, permitiu que ampliássemos a visão da arte eletrônica para além do seu fazer artístico.

Referências

LEÃO, Lucia. (org.) O Chip e o Caleidoscópio. São Paulo: Editora Senac, 2003.

LEMOS, André. Arte eletrônica e cibercultura. Disponível em: http://www.universia.com.br/materia/materia.jsp?id=5649. Acessado em 06/12/2010 às 19:20h

Immobilité, de Mark Amerika


Primeiro filme de arte longa metragem para celular, Immobilité, de Mark Amerika, mistura a linguagem dos filmes estrangeiros com pintura de paisagem e metaficção literária. Mark Amerika - um dos nomes mais badalados da arte digital, cineasta e professor norte americano, considerado pela Revista Time um dos 100 nomes mais inovadores do mundo - se utilizou de um método sem roteiro e improvisado de atuação, sendo que as imagens de telefone celular foram gravadas em textura amadora semelhantes aos vídeos distribuídos em redes sociais.

Tal trabalho de Amerika, a partir do momento em que é produzido com e para mídias móveis, propõe novas possibilidades de exibição, para além da sala tradicional de cinema (a exemplo das videoinstalações). Immobilité pôde ser conferido pelo público soteropolitano no VI Seminário Internacional de Cinema.

http//www.youtube.com/watch?v=ITQWDiO2UU&NR=1

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

cyborg sex manual

É uma animação digital feita por Wyrzkowski do grupo C.U.K.T. que simula sexo entre cyborgs, que vão se tornando humanos conforme desenvolvem posições inspiradas em Kama Sutra.

O C.U.K.T., grupo que já realizou intervenções em clubes noturnos da Polônia partindo da hipótese de que cyborgs já viviam entre os humanos, as “tecnoperas” – combinação de performance, cinema e música eletrônica. Na ocasião, os artistas realizaram uma pesquisa, através de questionário, para descobrir a existência de cyborgs na platéia. Sempre que perguntado sobre o resultado da pesquisa, Wyrzkowski ironiza e diz que 99% das pessoas eram cyborgs. “Quem não era rejeitava a música eletrônica.”

"Vivemos numa época de imenso progresso científico e tecnológico, situação que gera novas condições para estabelecermos contatos com o mundo. A tecnologia continua a alterar o ambiente e, apesar de muitas novidades terem ficado para trás, não chegamos ao fim da linha: as transformações ocorrerão de maneira ainda mais acelerada. Essas alterações exercem grande influência na psicologia, mentalidade e fisiologia humanas, além de aumentarem a pressão sobre os corpos e os relacionamentos. O processo foi de tal forma arrebatador e complexo que muitos de vocês, sem perceber, alcançaram status de cyborg", criador da obra Piotr Wyrzykowski (também conhecido como Peter Style).



O processo interativo é trazido ao nível consciente, suspendendo dessa forma a redução do conceito de interatividade ao clique do mouse. O espaço físico é preenchido por um campo elétrico invisível que reage à capacidade elétrica do corpo humano. Assim, a interação mostra a onipresença do meio eletrônico fluido. A interface baseada em gestos é um desenvolvimento recente do Laboratório MARS com base no princípio da percepção do campo elétrico (electric field sensing)”, Monika Fleischmann e Wolfgang Strauss.

Para ver o site oficial do projeto, clique aqui.

domingo, 21 de novembro de 2010

cibernética no metrô

São Paulo recebeu uma mostra de ciberarte que ocorreu dentro das estações de metrô da cidade. As obras promoviam uma saída da rotina ao colocar o público como parte produtora e fruidora da arte, não somente como espectador, em um ambiente urbano e cotidiano. Dentre as obras, se destacaram:

Reflexão #3: A obra é de Raquel Kogan, 2005. Nesta instalação é projetada uma imagem com várias sequências numéricas sobre uma parede dentro de uma sala escura. A imagem, por sua vez, é refletida em um espelho dágua no chão. A obra é interativa, já que os visitantes podem acionar um teclado que regula a rapidez dos movimentos da projeção. Cria-se, assim, um movimento contínuo, mas nunca repetido, como se os números subissem de um espelho a outro, sucessivamente.



Text Rain: Conforme diz seu título, é uma "chuva" de letras. Em um efeito extremamente interessante, os usuários poderão formar palavras com as letras que forem se acumulando na projeção de seus corpos.Se um participante acumular letras o bastante ao longo de seus braços estendidos, ou ao longo da silhueta de qualquer outro objeto, pode formar uma palavra inteira, ou mesmo uma frase. As letras em queda não são aleatórias, mas dão forma aos versos de um poema sobre o corpo e a linguagem. A obra é de Camille Utterback e Romy Achituv, 1999. Com sua presença e movimentos corporais, os visitantes podem interferir na animação.


Les Pissenlits: Um jardim virtual com sementes de flores de dentes-de-leão, que poderão ser "sopradas" na Estação Paraíso, estará aberto para os visitantes da instalação Les Pissenlits, obra dos autores Edmond Couchot e Michel Bret. A duração do sopro do visitante dá o movimento às flores.


O interessante dessas obras é como elas se configuram de forma a integrarem com um espaço urbano e que faz parte do cotidiano das pessoas. Seria só mais um lugar, por onde se passa, e a ciberarte consegue alcançar e reconfigurar como um espaço de fruição cultural. As obras acompanham uma tendência crescente de promover a interação entre a arte e o público.

Os artistas continuam a despojar a iconografia do gênero, submetendo-a à abstração, “coisificação”, ampliação e multiplicação, fotografia, filmagem e digitalização. A naturezamorta se mostrou um gênero pictórico flexível, capaz de adaptar-se tanto a mudanças na cultura e no pensamento, como a uma grande variedade de interpretações técnicas.

Aspectos do retrato ou do auto-retrato também podem ser identificados nas instalações interativas por utilizarem o interator como motor para as poéticas se concretizarem no interior de seus espaços. É a partir do gesto, da imagem ou da ação do interator que a obra-dispositivo é acionada. O interator tem a sensação de participar de um auto-retrato digital, incorporando a sua imagem aos conceitos apontados pela estética contemporânea como: fragmentações, novos pontos de vista, gênero e sexualidade, identidade efêmeras, possibilidades genéticas e tecnológicas.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

re-trato

A instalação interativa Re-trato, realizada pelo grupo SCIArts, re-elabora o processo de percepção visual humana, partindo de um sistema cartesiano de observação. É um sistema de re-modelagem da perspectiva do olhar, permitindo que o observador veja outros pontos de vista de si mesmo.

Entre quatro totens equipados com câmeras e monitores trocados, o participante olha para o monitor mas não vê seu rosto frontalmente como num espelho, mas sim sua nuca ou seu perfil. Em nenhum momento consegue observar dois monitores ao mesmo tempo. Encontra sempre um ponto de vista que não é o da imagem usual do espelho.

As instalações são também possíveis ambientações de cenas por se tratarem de espaços planejados para que algo ocorra. As instalações interativas em espaços urbanos por exemplo, convidam o espectador a re-criar a cena cotidiana e a participar dela. Estão presentes essas cenas animadas aspectos da arte e da vida contemporânea como a fragmentação, o deslocamento, a não-linearidade e as rupturas.

Participação: Fernando Fogliano, Luiz Galhardo, Milton Sogabe, Rejane Cantoni, Renato Hildebrand e Rosangella Leote.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

atrator poético

Atrator Poético" é uma instalação multimídia interativa originalmente concebida pelo SCIArts - Equipe Interdisciplinar. Posteriormente a instalação foi finalizada em parceria com o músico Edson Zampronha.
O diálogo entre imagem e som com o ferro-fluído (um líquido magnético que se conforma ao campo formado por bobinas eletromagnéticas) e a interação com o público constroem a poética da obra.
A interferência do público na imagem produz construções sonoras e a movimentação do ferro-fluído. A imagem dessa movimentação é captada por uma câmera e é projetada numa superfície circular.
A imagem projetada se torna a interface para a modificação do ferro-fluído e dos sons. O público toca na superfície de projeção, circula em torno dela e gera imagens que parecem constelações, formas que surgem e desaparecem, ouve sons associados à imagem, e quando percebe que as imagens projetadas têm relação com o que acontece com o ferro-fluído no totem, volta para observar as formas do ferro-fluído, percebendo o processo e refazendo o percurso.



Novamente podemos falar de rituais. Neste caso, propõe-se associar a movimentação das mãos dos visitantes a imagens do movimento de um elemento químico. Ao se sentir um co-criados de imagens constelações, o visitante se percebe um ser ativo, integrante de um sistema vivo.

& Lúcia Leão (PUC-SP)
Corpos mapeados, corpos cíbridos e nômades plugados